segunda-feira, 19 de abril de 2010

NUNCA ESTIVE SOZINHA...


Diante do espelho... Vejo-me refletida...
Assim encaro-me frente a frente... E entro em mim através dos meus olhos...
Fito-me alguns instantes... E analiso o que restou de mim...
Restaram lembranças de um amor que se foi... Não por vontade própria. Mas, o destino me levou o grande amor da minha vida... Para o mundo dos mortos! E não conteve levou minha mãe ainda!
Quis o destino ver meus olhos tristes assim? O destino derrubou-me ao chão...
É... Vejo em meus olhos eu... Triste jogada ao chão com a mão suplicante... Levanta-me!
Passa um e nem me vês... Sim, passa muitos e não me ajuda levantar...
Pois a mão que eu queria não pertence mais a este mundo dos vivos...
Olho nos meus olhos... Que restou de um lindo amor findo! Sim... Amo o muito ainda... Mas, não o sinto perto de mim como antes... Por isso é amor findo!
Levanta-me! E nada... Não tenho forças para levantar, o destino me derrubou...
E assim no chão estou sendo atropelada... Pisada... Olho nos meus olhos e me vejo.
Olho o agora... E tenho saudade do passado! Antes do destino me derrubar... Eu sorria com os olhos... Que hoje só lágrima tem...
Nossa! É triste, mas senti dó de mim mesma...
E olhando em meus olhos... Fui puxando-me do chão... Devagar, é bem devagar... Para não escorregar pela lama da saudade... Aí seria tudo em vão! Com carinho, fui olhando dentro dos meus olhos... E fui delicadamente aos poucos... Meio tremula, frágil e dolorida se pondo em pé.
Aos poucos, fiquei de joelhos... E fui levantando-me e pus-me de pé! Quase ao chão fui parar... Estou me desequilibrando, não posso cair... Caso cair com certeza ficarei ali esperando o mundo dos mortos, forças não terei mais. Não posso cair...
Estou em pé! Olhando nos meus olhos... Lágrimas começam nascer dos meus olhos, talvez emoção de estar em pé!
E assim penso: “Quando o destino me derrubar novamente, pois não estarei escapo... São tantos tombos... Mas, antigamente sempre teve uma mão para me levantar... Hoje essa mão veio de meus olhos olhando dentro de mim... É assim... Quando não mais tiveres mãos algumas para te levantar... Crie essa força vinda de dentro de si... E levante! Levante! A vida é uma só, não compensa ficar ao chão vendo a vida passar... E ninguém vai te levantar... Somente nós que ainda almejamos o amor que podemos dar a mão para nós mesmos e se reerguer...”
Isso foi meu pensamento, um tanto egoísta, ninguém me levantou... Ninguém teve piedade de mim... E eu tive que sozinha reerguer... E olhando dentro dos meus olhos vi-me de pé... Forte... Sim uma força enorme invadia minha alma! Estou viva! Estou de volta! E comecei já querer olhar mais e mais dentro de mim... Enfrente aquele simples e velho espelho... De tantas imagens refletidas... Fui olhando... Alegre por estar em pé! Feliz de ter conseguido sozinha, sem precisar de ninguém! Fui descortinando-me vi tantos sonhos a realizar e eu boba estava no chão a se arrastar... Aprofundando-me em meus olhos... Que isso? Não entendi... Está embasado! Fui fitando... E foi clareando... Qual foi a minha surpresa desse egoísmo meu... Vi saindo de dentro de meus olhos ao espelho que não levantei sozinha... Havia uma mão! Não! Estava eu sozinha com certeza! Olho... Firmo meus olhos, pois posso estar tendo uma alucinação... Não! Agora vejo claramente, e choro de pura emoção... O tempo todo quando estive ao chão... Sozinha não estava! A dor fez-me egoísta, sentia somente meu sofrimento... Sim eu ali me vi no chão e sempre ao meu lado chorando comigo lá estava o meu grande amor... Que eu dizia findo! O tempo todo e eu não vi que ele chorava de ver-me sofrendo... Ele e minha mãe também... Os dois juntinhos... Nada podiam fazer por mim... Apenas chorar junto, eu estava cega achando que só aconteceu isso comigo! O destino um dia me derruba, e a todos nós! E vi que aquela mão não eram deles... Engraçado... Eu não estava sozinha... O tempo todo meu grande amor, minha mãe e... Tem outra pessoa... Uma mão... Deixa-me eu ver... Deixa-me eu ver... Está ficando mais nítido... Sim! Uma mão... Não fui eu que me levantei com meu olhar... Foi essa mão! De quem? Preciso saber quem era... Meu grande amor não era estava juntinho com minha mãe a chorar, vendo-me naquela situação estar... De quem é essa mão que está me levantando com cuidado... Com tanto amor... De quem? E a imagem daquela mão quando se solta da minha e deixa-me em pé... Vi meu amor e minha mãe sorrindo... E quando a mão se solta da minha, essa mesma mão caminha vai a minha face e limpa as lágrimas... Assim pude ver nítido uma chaga... Era Jesus! E ao olhar dentro dos meus olhos... Vi que nunca estive sozinha!


KHASSANDRA GREEN
Publicado no Recanto das Letras em 13/04/2007
Código do texto: T447595

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