quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A saudade que tenho...



Não tenho saudade daqueles tempos felizes...
Não!
Tenho dos tempos de atribulações...
Sim!
Que passávamos todos os tipos de problemas com alguns momentos de alegrias...
E por mais breve o tempo de alegria sabíamos consumi-los todinho!
Sorvíamos com a alma!
E as atribulações... Eram de todos os tipos! Dificuldades eram tantas...
Mas possuíamos uma força para enfrentá-las e discernimento para contorná-las se necessário...
Éramos três! Eu, meu Pai e minha mãe. Fortes! Existia amor, união e cumplicidade. Adivinhávamos os pensamentos um do outro e um olhar dizia tudo!
Saudades do tempo que os minutos eram valorizados, pois eram conquistados às lágrimas. Vencer um ano e derrotar os problemas é fácil. Difícil e exaustivo e conviver lado a lado com eles durante anos e anos tornando algo já rotulado em teu coração.
Sinto sim saudade da inabalável força que meus pais tinham e eu ali junto tentando ajudá-los.
Uma família de três pessoas... Tão pequena! Tão forte! Doenças, perdas, privações, solidão, perseguições, abandono...
Minha mãe que éramos três... Comentava sobre o Éramos Seis de Maria José Dupré, publicado em 1943. “- Filha o importante é estarmos vivos.”
Ela tinha um medo terrível de perder meu pai (sempre adoentado) e eu.
Então tenho saudade das aflições e problemas... Pois não importava o que estávamos passando o amor entre nós três era tão grande que superava tudo em sorriso!
O tempo passou. Meus pais se foram pra outro plano! Casei tive dois filhos... Éramos quatro... Separei e novamente éramos três! Casei novamente... Que legal somos quatro! Companheiro resolveu também ir para outro plano! Novamente três... Agora somos quatro novamente...
Mas, tenho saudade do início: os três...
Hoje através de luta temos um pouco de conforto que nunca tive em outrora.
Somos quatro... E falta-nos a força, o amor, a união de contornar certos problemas. Existe um individualismo com uma dosagem excessiva de egoísmo.
Hoje tudo tão fácil.
- Fogão a gás, não precisa rachar lenha e ter aquele trabalhão de acender o fogo. O sopra dali e daqui pra iniciar uma chama!
- Água encanada... Abre a torneira e pronto. Banheiros e chuveiros. Não precisa puxar água no poço e tomar banho de balde. E o banheiro? A tal antiga cisterna!
- Energia elétrica... Coloca o dedo no interruptor e adeus escuridão! Facilitando o trabalho da lamparina que tinha que economizar no diesel. Lembro do cheiro que exalavam e das borras que acumulavam no pavio!
- Brinquedos... De todo os tipos que a natureza podia dar... Carrinhos feitos artesanalmente, bonecas de milho com cabelos loiros, brincadeiras de rodas com colegas, esconde-esconde, banhos em córregos e muito mais. Tive bonecas sim... Kátia, Machão e outras... Mas não com a fartura que vejo hoje por aí. Acabou o sonho infantil, agora vídeo games, celulares e brinquedos caríssimos.
- Material escolar... Adorava o cheiro do material novo. Amava meus cadernos, livros e tudo mais. A caixa de lápis de cor. Cuidava com carinho! Tudo muito caro então tinha que valorizar o sacrifício de meus pais. Hoje vejo o desperdício, competição entre os coleguinhas.
- Alimentação... A maioria do próprio quintal, frutas, verduras, ovos, galinhas, porcos, leite tirado na hora! Infinidade! Macarronada, polenta, frango frito era prato de domingo. Agora é praça de alimentação de shopping, restaurantes e comidas com os nomes estrangeiros. Leite contaminado até com soda!
- Televisão cheias de tecnologias, computadores, tablets enfim tudo que nossos olhos podem ver. Imaginem uma carta demorava meses para chegar e encher-nos de emoção. Televisão a nossa primeira era uma colorado 14" verde água um luxo!
Poderia passar o resto da minha vida descrevendo o que sinto falta... Sim... Dos tempos de atribulações e dificuldade com amor eram fardos fáceis de carregar.
Éramos três... Um gigante no amor!

KHASSANDRA GREEN
Enviado em 04/01/2015
Código do texto: T5090394
Classificação de conteúdo: seguro

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